O Kart Explicado – Bitola dos Eixos

A bitola é uma dos ajustes mais importantes para o automóvel, no kart ela é ainda mais importante. Basicamente a bitola é a largura de um eixo, mas essa largura possui importância vital no fator de estabilidade estática de um carro. Esse fator diminui quanto maior for o centro de gravidade. É proporcional a bitola, e inversamente proporcional ao centro de gravidade, conforme fórmula SSF = (t/2h). Então, o que faz da bitola ser um ajuste importante é a sua relação direta com a transferência de peso da roda interna para roda externa em uma curva, que no kart é vital para fazer curvas.
Nota: t – track (bitola); h – centro de gravidade.

Bitola dianteira/Front Track

Crédito foto: https://tkart.it/en/magazine/track-test-tech/front-track-width/

Conforme muitos ajustes realizados na dianteira do kart, o aumento ou redução da bitola dianteira vai determinar como kart vai responder na entrada das curvas. Aumentar a bitola dianteira resulta em mais grip dianteiro, resposta rápida do volante no início da curva, e o efeito diferencial ocorre com maior intensidade. Por outro lado, quando se reduz a bitola dianteira, a resposta do volante fica mais lenta, o grip é menor, e o efeito diferencial é reduzido. O kart tem mais dificuldade para levantar a roda traseira interna numa curva, e o understeering começa a aparecer.

Bitola traseira/Rear Track

Crédito foto: https://tkart.it/en/magazine/how-to/7-tricks-reducing-understeer/

Eis uma regulagem importante e delicada(mais uma…). O ajuste da bitola traseira possui efeitos contrários se comparada com a dianteira, quando encurta-se a bitola traseira consegue-se um maior grip, e quando se aumenta há uma perda de grip. Contudo, esse ajuste deve ser realizado de forma moderada, pois a alteração da bitola pode prejudicar a estabilidade do kart. É importante não se prender ao ganho de grip apenas encurtando a bitola, para não exagerar no ajuste. Pois o efeito no kart pode ser comprometedor para sua estabilidade.

O ajuste da bitola é feito por espaçadores, geralmente de 5mm, colocados no momento da montagem do cubo de roda. O ideal, é que as modificações na bitola sejam realizadas de forma moderada, aumentando um espaçador de cada lado por vez. E sempre verificar se o regulamento do campeonato determina valores de bitola. Em algumas situações, começar com um bitola traseira mais larga possível, é recomendado, para então estabelecer os demais ajustes.

Cubo das rodas traseiras, um complemento ou alternativa ao ajuste da bitola traseira

Adquirir um kart totalmente novo é uma garantia de que o produto vai desempenhar máxima performance, mas alguns componentes são vendidos como acessórios. O cubo da roda traseira é um deles. Geralmente as marcas dispõe de três modelos, o curto, médio e longo. Há também marcas que fornecem cubos especiais feitos em Magnésio. Mas acredite, não é o cubo mais caro ou maior que vai te fazer andar mais rápido, você deve escolher a peça certa para cada situação na qual o kart tenha que enfrentar. Lembre-se, não importa quais peças você põe no seu kart. E sim, como elas trabalham.

O que faz um cubo de diferentes tamanhos alterar o comportamento do kart é a medida entre, a face externa do rolamento do eixo traseiro, e a face interna do cubo de roda. Essa distância quando alterada para mais ou para menos pode aumentar ou reduzir o trabalho do eixo. Esse trabalho(working) é a flexão dessa porção do eixo, e deve acontecer sem nenhum obstrução.
Por ter uma reação diretamente sobre o eixo traseiro, os cubos geralmente se tornam uma opção mais efetiva ao invés de alterar a bitola do eixo, pois muitas vezes esta é determinada por regulamento ou pode comprometer a estabilidade do kart em determinados ajustes.

Conforme colocado na primeira matéria da série, as alterações realizadas na parte traseira possuem reflexo no comportamento do kart em curvas quando este saí do ápice (leia mais) rumo ao final da curva. Assim os cubos são mais uma opção quando o piloto enfrenta o understeering ou oversteering nas saídas de curva. Quando o oversteering se faz presente, é comum utilizar um cubo longo, que promove um maior rigidez ao eixo, e assim se obtém um pouco mais de grip nas rodas traseiras. Por outro lado, para combater o understeering nas saídas de curva, pode se optar por um eixo mais curto, que vai deixar o eixo trabalhar, reduzindo o grip e compensando o understeering.

Algumas vezes, a determinação de qual cubo de roda traseiro a se utilizar é definida pela forma como o pneu traseiro apresenta o desgaste. Quando o desgaste ocorre o que chamamos de coning, ou seja, a parte interna se desgastou mais do que a externa, deve-se revisar o caster. E se efetuada a alteração da bitola, utilizar um cubo mais longo é a solução em muitos casos.