Falha na Bobina de Ignição pode levar a diagnósticos confusos

As bobinas de ignição, ou transformadores são responsáveis por fornecer as velas de ignição uma alta tensão para fazer saltar entre os eletrodos das velas a faísca para queima do combustível. Qualquer problema atribuído as bobinas de ignição podem gerar diversos defeitos, que ainda fazem diversos reparadores automotivos se confundirem e não encontrarem a solução do problema. Foi o caso de um Gol geração 4 2007 1.0. Um exemplar com motor da série EA-111, muito bom pela elasticidade da curva de torque, mas que peca em alguns pontos, e o sistema de ignição é um deles.Por ser comum na correria do dia-a-dia recebermos alguns carros com falhamentos característicos de vela de ignição e cabos de vela, acabamos por ficar bitolados na velha prática de analisar em qual cilindro está ocorrendo o falhamento para então substituir somente aquele cabo ou vela por questões custo. Contudo na maioria das aplicações essa economia pode custar caro até mesmo a curto prazo.

No caso do Gol citado, este já vinha com problemas de falhamento devido as velas e cabos estarem bastante desgastados, era possível escutar o ruído característico de fuga de corrente dos cabos. As falhas ocorriam nas arrancadas, e eram ainda mais evidentes quando o ar condicionado estava ligado. Foi efetuada a troca de todo o conjunto de cabos de vela e velas de ignição, todos da marca utilizada pela montadora alemã(NGK), e constatada uma melhora considerável no funcionamento do motor. Contudo, era possível notar um pequeno falhamento, quase imperceptível, como se fosse um “buraquinho” no funcionamento do motor. Mas devido aos custos foi decido manter a bobina velha por enquanto até poder trocar por uma nova, o que não imaginava era que um novo problema surgiria, e com maior intensidade. Dois dias depois da substituição dos cabos e das velas, o motor simplesmente passou a perder força. Mesmo com aceleração total o veículo mau tinha força para chegar aos 60Km/h, além de uma grande dificuldade de atingir a temperatura de trabalho. Após insistir em andar com o veículo, o motor atingia sua temperatura de trabalho e funcionava um pouco melhor. Logo as suspeitas caíram para o próprio motor, foi levantada a hipótese de que alguns cilindros estivessem sem compressão, e então a retífica do motor seria a solução. Mais custos foram envolvidos.

Entretanto, na busca de diagnosticar o problema com calma, e partindo do mais simples ao mais complicado, foi verificado a reação do motor caso os bicos injetores deixassem de funcionar. Ao desligar alternadamente os cilindros do motor, foi percebido que apenas os cilindros 1 e 4 estavam funcionando, o que batia com a hipótese de falta de compressão. Para dar robustez ao diagnóstico foi realizado o teste dos cabos de vela, utilizando um componente de teste de cabos, e verificado que todos os cilindros estavam com os cabos de vela com funcionamento ideal, até por que eram novos.
Então todas as atenções foram voltadas para o transformador, com a ajuda de um alicate e chave de fenda foi feito um teste não muito recomendável, pois a centelha poderia voltar e queimar a ECU do motor. Enfim, prosseguindo com o teste, com o alicate era retirado vagamente o cabo de sua respectiva vela, assim que o contato entre ambos ia deixando de existir o motor começava a falhar ainda mais, chegando até a parar. Sinal de que havia naquele cilindro centelha e combustível sendo queimado. Foi assim com os cilindros 1 e 4, mas com os cilindros 2 e 3 não havia sinal algum de centelha, era possível segurar os dois cabos com a mão enquanto o motor funcionava.

Retirado o transformador para análise e constatado uma crosta em volta da torre que é conectado o cabo do terceiro cilindro, encontramos também mais duas trincas bastante visíveis. Então foi chegada a conclusão de que a bobina era a verdadeira causadora do problema. Efetuada a troca do transformador, o Gol 1.0 voltou a forma com desempenho e consumo de combustível originais. O que podemos extrair disso é que muitas vezes mesmo que a situação não seja favorável, a economia na reparação pode ser maléfica até mesmo em curto prazo, pois nem sempre se encontram profissionais capacitados em diagnosticar problemas com êxito sem indicar serviços desnecessários.
Problemas com o sistema de ignição podem levar a gastos exorbitantes se não forem analisados com cautela e critério.

Conclusão

Os principais sintomas de um carro com a bobina/transformador defeituoso são:

  • Perca considerável de desempenho;
  • Funcionamento irregular, motor vibrando;
  • Alto consumo de combustível;
  • Motor para de funcionar;
  • Fumaça proveniente do transformador, queima do transformador.