Detonação e Pré-Ignição, dois males que podem quebrar o seu motor

Problemas com detonação e pré-ignição podem fazer com que muitos mecânicos experientes entrem em parafuso, pois de fato são semelhantes e muitas vezes o diagnóstico exige olho clínico, mas é nos fatores causadores desses problemas que descobrimos qual dos dois está ocorrendo.

Como ocorre

Em uma combustão normal quando a vela de ignição dispara a centelha, o avanço da chama ocorre de forma progressiva por toda a mistura contida na câmara de combustão, dando tempo para que os gases possam se expandir e assim gerar a força do motor. Em determinadas situações essa combustão pode acontecer de forma espontânea, antes do pistão chegar ao PMS, porém não de forma progressiva e aproveitando toda a mistura, e sim, instantânea sem dar tempo para que os gases se expandam. O pico de pressão é maior que em uma combustão normal e em conjunto com a velocidade de propagação (2000m/s) geram ondas de pressão que “ricocheteiam” diversas vezes nas paredes da câmara de combustão, e desse fenômeno é que surge um som característico insistentemente chamado de “batida de pino”, o que é totalmente errado. Detonação e pré-ignição são problemas semelhantes nos sintomas, mas distintos em suas causas. A detonação está mais relacionada a qualidade do combustível, taxa de compressão e carga do motor, já a pré-ignição é causada por detritos dentro da câmara de combustão, velas de ignição incorreta para o motor, sistema de arrefecimento falho e até mesmo a própria detonação. Quando um combustível de baixa qualidade(baixa octanagem) é utilizado, este pode, em determinadas situações, não suportar a compressão do motor, detonando enquanto o pistão sobe rumo ao PMS. De uma certa forma, nessa nova geração de motores, em que taxa de compressão é alta, a exigência por combustível de qualidade é muito maior e muitas vezes a pequena economia em utilizar, por exemplo, a gasolina comum ou aditivada pode representar gastos dispendiosos no futuro (leia mais.)

A detonação é praticamente uma martelada na cabeça do pistão.

Saber adequar as marchas as condições de carga e velocidade também é deveras importante, neste ponto é que ocorre detonação devido a carga – desnecessária – a que o motor é submetido. Uma alta carga quando motor está em baixa rotação, por exemplo, quando queremos retomar a velocidade em um PARE de segunda marcha mesmo sabendo que o melhor seria parar e por a primeira ou simplesmente reduzir para a primeira, então o carro consegue retomar de segunda, mas bem devagar. Neste momento o seu motor está “morrendo” para fazer o carro se movimentar. Perca de desempenho é de cara percebido, consequentemente a combustão será pouco efetiva, gerando superaquecimento da câmara, além de deixar restos de carvão pairando na câmara que por conseguinte, se acumulam no topo do pistão. Esse carvão devido as altas temperaturas chega a ficar incandescente, se solta, e torna-se um ponto quente dentro da câmara. A partir daí teremos a pré-ignição, ou seja, quando temos um novo gerador de combustão diferente da vela de ignição. Com o superaquecimento a pré-ignição passa a ocorrer cada vez mais cedo, o tempo de combustão fica mais longo e o fluxo de calor para as paredes da câmara é consideravelmente maior, e daí temos a necessidade de um sistema de arrefecimento com manutenção em dia, e se este não estiver, também provocará mais pontos quentes.

Outras causas

  1. Mistura pobre – Carburador de desregulado;
  2. Taxa de compressão exageradamente alta – Cabeçote rebaixado;
  3. Avanço de ignição excessivo;
  4. Distribuidor desregulado;
  5. Superaquecimento.

Como evitar a detonação

Foque nas manutenções preventivas do motor de um modo geral, mas tenha máxima atenção com o sistema de ignição e alimentação, não espere as velas ficarem ruins para serem trocadas, geralmente 60.000 quilômetros já uma boa marca para se trocar preventivamente. Atente também para cabos e bobinas, pois caso um deles esteja em fim de vida útil sobrecarregará todo o sistema (velas, cabos e bobinas.). Troque seu filtro de combustível sempre a cada 5.000 quilômetros rodados, ele evita que impurezas possam chegar a câmara de combustão. Muitas vezes o problema está na peça entre o volante e o banco. Sim, pode ser você! Evite andar em marchas inadequadas à velocidade e carga que o veículo é submetido. Aqui vai uma dica: Troque de marcha na rotação de torque máximo.

Como evitar a pré-ignição

Mais específica, tenha atenção com as velas, é comum casos de motoristas que colocam velas de um veículo em outro e ter problemas devido a isso, então, coloque sempre velas adequadas para o seu motor. Abra do olho com o sistema de arrefecimento, nada de água mineral, sempre utilize água destilada e aditivo de arrefecimento nas devidas proporções. Procure sempre verificar em que nível se encontra a carbonização do seu motor, não importa, ela sempre vai acontecer, não por que seu motor é ruim, mas porque nossa gasolina além de adulterada no normal, contém muitas impurezas que contaminam o sistema, por isso a necessidade dessa verificação e limpeza.

Danos causados pela detonação

Motores que quebraram devido a detonação apresentam grande desgaste na cabeça do pistão, como uma corrosão. Em casos extremos, esse desgaste alcança os Anéis de Seguimento causando travamento e até sua quebra.

Danos causados pela pré-ignição

Neste caso o dano salta os olhos, o pistão não aguenta as explosões e acaba sendo perfurado. A ECU sempre sabe quando o motor está detonando ou quando ocorre pré-ignição, graças ao Sensor de Detonação.